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“Deficiência Social” é um espaço dedicado à todos os cidadãos, com ênfase aos que possuem algum tipo de deficiência. Aqui procuraremos mostrar como podemos ser úteis para nossa sociedade. Com uma linguagem reflexiva e, em determinados momentos, irreverente, abordaremos também algumas pertinências e curiosidades acerca deste universo de guerreiros que lutam diariamente no cenário cotidiano. Sejam todos muito bem vindos, visitem, opinem e divulguem sempre que puderem.

 

(Douglas Araújo)

NEM TUDO SÃO “ESPINHOS”!

  • Foto do escritor: Douglas Araújo
    Douglas Araújo
  • 18 de abr. de 2019
  • 4 min de leitura

Texto originalmente postado em 07/09/2011 e readaptado em 17/04/2019.


Começo minha postagem de hoje distorcendo um pouco um velho e conhecido ditado. Dificilmente alguém nunca ouviu falar que “nem tudo são rosas”: seja em nossa vida, nos negócios ou até mesmo em problemas que não são, exatamente, os mais graves.


Creio que seja normal reclamarmos às vezes, ninguém é de ferro. Quem nunca se pegou pensando no dia a dia, dizendo como seria feliz sem os problemas? Confesso que também já tive este tipo de pensamento, aquela impressão de que nada parece dar certo: uma mescla de sentimentos como tristeza e frustração, com um toque de revolta.

Minha provação começou ao final de minha sétima série. Ainda não tinha problemas mais sérios com colegas na escola, mas em 2005, quando a cursei, comecei a notar determinados acontecimentos, olhares e cochichos. Me sentia menosprezado, embora hoje eu perceba que algumas das coisas que me aconteciam eram fruto de minha imaginação, devido à baixa autoestima que eu tinha na época.

Porém, um ano após, na oitava série começou, de fato, meu tormento. Sentia-me perseguido, eu que já não era dos mais resistentes à brincadeiras e ofensas. Com certeza Deus se cansou de ouvir minhas lamúrias com relação ao verdadeiro sentido de minha existência. Meu trauma chegou a tanto em 2006, que já não queria ir para a escola no ano seguinte, tamanho era meu medo de continuarem as provocações.

Mas o melhor estava por vir. Se não fosse eu ter continuado na mesma escola e ter cometido o meu “pequeno erro”, ao seguir um amigo e entrar na tal sala errada, além de continuar estudando com os mesmos alunos com os quais eu não me entendia, ainda deixaria de fazer muitas outras grandes amizades. Reclamava de minha oitava série, a qual não queria nem pensar em dar continuidade aos estudos no ano seguinte, mas, por ironia do destino, em meu último ano escolar, no terceiro colegial, não queria nem pensar em parar de ir à escola, pela legião de amigos que conquistei (mais detalhes nas postagens: “ESSA É MINHA VIDA, parte 3” e “ESSA É MINHA VIDA, parte 4).


Recordando-me atualmente de tudo, penso no lado bom dos fatos ocorridos, no que teria acontecido se o conselho tutelar não existisse, afinal, foi graças a ele que não me evadi da escola, lembro-me de não ter gostado nenhum pouco de ter que continuar, mas hoje tenho ciência do quão me fez bem prosseguir com os estudos. Será que se tivesse conseguido optar pela “saída dos fracos”: a desistência, teria me formado no ensino médio, rodeado de amigos? Será que teria cursado e concluído uma faculdade? Quanto a este site e as páginas dele, será que hoje em dia teria capacidade de elaborá-los e experiências de vida para contar neste projeto?

Quanto as “pancadas” que levei em tempos passados, acredito que estas serviram para me fortificar, as piadas de mau gosto me ensinaram a exercitar a paciência, outra ironia em minha vida é o fato de hoje em dia eu não viver sem rir e fazer rirem comigo. Até eventualidades ruins, como alguns tombos que levei no passado, me fazem rir, juntamente com minha mãe (ela que presenciou e ainda presencia a maioria das coisas que me aconteciam e acontecem) ao lembrar de alguns fatos pelos quais já passamos.

Por fim, penso no principal: no que seria minha vida caso eu não tivesse cá minhas limitações (o que não me impede de fazer, de fato, uma série de coisas e improvisar tantas outras). Antes eu imaginava que seria uma vida relativamente ótima, que tudo seria perfeito. Mas atualmente paro para pensar que isso também tem seu “outro lado da moeda”, além dos amigos que ganhei na escola, ainda deixaria de conhecer muitas outras pessoas maravilhosas que passaram (e ainda passam) pela minha vida. Penso, com muita certeza, que, caso eu não tivesse “problema” algum (me refiro aos físicos), se não me confrontasse com meus inimigos invisíveis (falta de força física, medo do desaparecimento lento, mas constante, dessa já pequena força e as incertezas quanto ao futuro, que a acompanham) e não frequentasse os hospitais e clínicas de fisioterapia, onde me deparo com várias pessoas com quadros bem mais graves que o meu... não fosse por essas e outras, eu certamente não teria a concepção de mundo e de vida que tenho hoje, creio que daria menos valor às pequenas e às simples coisas. Sou adepto do pensamento de que “só quem já perdeu na vida sabe o que é ganhar” (Pe. Fábio de Melo), e já “perdi” às vezes, portanto, atualmente, não importa o tamanho de minha vitória, o que mais quero é comemorar.  

Não me sinto no direito de dizer que a vida foi ruim comigo, pois, minha trajetória até aqui não foi construída apenas com fatos negativos, também ocorreram fatos positivos (ultimamente são a grande maioria), também tenho boas lembranças, fatos engraçados (talvez em outra oportunidade relate algo), etc.



Claro que algumas coisas foram (e ainda são) difíceis, mas vou tentando enxergar ao menos um ponto positivo em cada dificuldade. Sejamos assim, amigos leitores, saibamos enxergar o lado bom das coisas, algum deve existir. Tenhamos paciência para encontrá-lo ou esperá-lo. Caso demore para vir, não nos desesperemos, afinal, como já diria a frase: “no fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim” (Fernando Sabino).

Termino por aqui, repetindo que na vida “nem tudo são espinhos”. Quando estamos passando por momentos difíceis, algo, por menor que seja, tem seu “pólo positivo”, cabe a nós achá-lo.


“Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos. Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas”! (Machado de Assis)

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