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“Deficiência Social” é um espaço dedicado à todos os cidadãos, com ênfase aos que possuem algum tipo de deficiência. Aqui procuraremos mostrar como podemos ser úteis para nossa sociedade. Com uma linguagem reflexiva e, em determinados momentos, irreverente, abordaremos também algumas pertinências e curiosidades acerca deste universo de guerreiros que lutam diariamente no cenário cotidiano. Sejam todos muito bem vindos, visitem, opinem e divulguem sempre que puderem.

 

(Douglas Araújo)

ESSA É MINHA VIDA, parte 3.

  • Foto do escritor: Douglas Araújo
    Douglas Araújo
  • 6 de jan. de 2019
  • 3 min de leitura

Texto originalmente postado no dia 11/07/2011...


Esta é a terceira parte do resumo sobre a minha história. Aqui relatei o alívio da diminuição de minha rotina médica durante a adolescência, que deu lugar às preocupações normais desta idade, somadas com alguns fatores extras... Mas o final surpreendente comprovou que tudo foi superado da melhor maneira:


Os anos se passaram, andando, e desta vez com o caminhar sendo feito com mais facilidade do que antes, o menino, sempre acompanhado pela mãe, seguia dia após dia com suas lutas e correrias (que por vezes nem sequer compreendia o real motivo. Apenas sabia que não tinha escolha, e de fato, não tinha).

Porém, as semanas agitadas, recheadas de compromissos médicos e terapêuticos, aos poucos foram se aquietando, os prazos dos retornos para o HC de São Paulo foram se estendendo cada vez mais, as sessões de fisioterapia, que antes eram um pouco mais freqüentes, diminuíram também.

Era um alívio ver que as consultas estavam diminuindo, era um bom sinal. Mas se por um lado muitos problemas eram resolvidos, por outro surgiam novos.

A adolescência havia chegado acompanhada de muitas dúvidas, questões com relação a vários assuntos, dentre eles dois principais: preocupações com sua baixa estatura, a falta de entendimento da causa de seus colegas “crescerem” e ele não, além dos olhares curiosos das pessoas nas ruas e demais lugares públicos. Alguns muitas vezes de compaixão, olhares de quem realmente queria de alguma forma ajudar, outros soavam como simples e pura “chacota”. Aliás, nem se sabia ao certo se os tais e inúmeros “olhares” realmente existiam, ás vezes poderia ser até fruto de sua imaginação, ou até, porque não, ser uma situação criada pelo próprio menino, já que, para saber se estava sendo “vigiado”, este também tinha que “vigiar” as pessoas e, dessa forma seria inevitável, para ele, não ser visto.

Seu “complexo”, que já não era dos menores, aumentou ainda mais na escola, quando o adolescente, que se sentia ofendido por poucos motivos (verdade seja dita), era motivo de piadas.

O ápice da situação surgiu na oitava série, onde o grau de ofensa das “piadas” e “brincadeiras”, de fato, aumentou. Um pequeno grupo, com cerca de quatro a cinco meninos, que em alguns momentos poderiam ser chamados de amigos, sempre estavam por perto, mas ás vezes se mostravam às avessas e ofendiam sem sequer pensar nas conseqüências. Pedidos de desculpas às vezes ocorriam, mas isso não impedia a chegada em casa com desabafos. Os atos podem atender pelo famoso nome de “bullyng”, afinal o termo está na “moda”, tamanho é o número de pessoas que já sofreu deste mal. Porém, por se tratarem de adolescentes de 14 anos, com pouca consciência dos próprios atos e um pouco mal informados, tudo caiu na conformidade anos depois.

E eis que o “tenebroso” ano de 2006 acabou, mas no ano seguinte o menino “traumatizado” não queria mais saber de ir à escola, os pais não sabiam o que fazer, chegaram até mesmo a tentar mudá-lo para outra escola, mas não acharam vaga alguma disponível.

E ainda bem que não acharam vagas, pois um dos melhores anos de sua vida havia chegado. Ainda na mesma escola do ano anterior, devido à “tão questionada” (por ele mesmo) estatura baixa, ele não pôde enxergar o mural com as informações das classes onde cada aluno estudaria, sendo assim, seguiu um colega remanescente do ano anterior, este havia entrado na escola no final deste mesmo ano (2006).

Desta forma, seguindo seu futuro amigo, o garoto entrou na sala, porém, adentrou na sala errada e somente percebeu seu equívoco no momento da chamada, quando seu nome não foi pronunciado pelo professor.

Tamanho foi seu erro, que logo em seguida percebeu que poderia ter sido o maior acerto de sua vida, pois havia deixado todos seus “algozes” na sala ao lado.


Continua...

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