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“Deficiência Social” é um espaço dedicado à todos os cidadãos, com ênfase aos que possuem algum tipo de deficiência. Aqui procuraremos mostrar como podemos ser úteis para nossa sociedade. Com uma linguagem reflexiva e, em determinados momentos, irreverente, abordaremos também algumas pertinências e curiosidades acerca deste universo de guerreiros que lutam diariamente no cenário cotidiano. Sejam todos muito bem vindos, visitem, opinem e divulguem sempre que puderem.

 

(Douglas Araújo)

GUILLAUME DUCHENNE, Vida e Obras.

  • Foto do escritor: Douglas Araújo
    Douglas Araújo
  • 13 de mar. de 2019
  • 3 min de leitura

Originalmente postado no dia 10/08/2011 e reeditado em 12/03/2019:

O neurologista francês Guillaume Duchenne foi o principal descobridor da deficiência que possuo. Por isso e também por achar sua história de vida interessante, resolvi compartilhá-la com vocês, caros leitores. Aqui vai um resumo de sua trajetória:


Nascido em 17 de setembro de 1806 na França, na cidade de Boulogne-sur-Mer, Guillaume Benjamim Amand Duchenne era membro de uma família de pescadores e comerciantes. Desde cedo estava predestinado a seguir o rumo de sua família, influenciado pelo pai, o comandante marítimo Jean Duchenne, que foi capitão de navios durante as guerras napoleônicas. Porém, Guillaume preferiu seguir um caminho distinto e, devido a sua paixão pela ciência, decidiu estudar medicina.

Duchenne estudou em um colégio em Douai, onde recebeu seu bacharelado com 19 anos. Em 1831 ele se formou em medicina, em Paris, onde apresentou sua monografia sobre queimaduras.

Entretanto, seguindo em uma carreira medíocre, não obteve nenhum cargo acadêmico. A notícia da morte de seu pai foi a gota d’água para seu regresso para Boulogne, onde exerceu medicina por 10 anos.

Ainda em 1831, Guillaume casou-se e alguns anos depois, durante o parto de seu filho, perdeu a mulher. Culpado pela sogra pela morte da esposa, pelo simples fato de estar presente no local durante o parto, ainda foi separado de seu único filho, que foi levado pela família de sua esposa após o incidente.

No entanto, durante sua melancolia, Duchenne fez uma observação que o fascinou: a influência da eletricidade sobre os músculos enfermos. Foi isso que o motivou a sair de sua depressão e voltar a praticar medicina.

Em 1842, depois de outro casamento curto e mal sucedido, retornou à Paris, onde testou os métodos recentemente desenvolvidos por alguns cientistas, os princípios consistiam nos poderes de diagnóstico e cura encontrados na energia elétrica.

Através dos estudos baseados na eletricidade, classificou os primeiros tipos de atrofias e paralisias causadas por alterações nos nervos, incluindo a Atrofia Muscular Espinhal Adulta (“Aran-Duchenne”). Também foi o responsável pela identificação da “Tabes Dorsalis” (a forma neurológica da Sífilis).

Guillaume Duchenne não foi o primeiro a relatar a deficiência muscular que ganhou seu nome, pois esta já havia sido notada pelo cirurgião escocês Charles Bell e pelo médico Inglês Edward Meryon. Porém, Duchenne foi além em seu diagnóstico, fornecendo, em 1869, a descrição mais completa do que, à princípio, ele chamava de “distrofia pseudohipertrófica” (baseando-se na aparência superdesenvolvida do músculo da panturrilha), mas que atualmente atende pelo nome de “Distrofia Muscular de Duchenne” (D.M.D).

Duchenne, inventor da eletroterapia, também inventou a “biópsia” (a técnica utilizada para retirar amostras de tecidos do corpo vivo para exames).

Um fato curioso de sua carreira foi a realização de um mapeamento dos músculos faciais, em 1862, foi este fato que o levou á invenção do “The Duchenne Smile”, descoberta que classifica o movimento do músculo lateral do rosto sendo responsável por um sorriso realizado com prazer ou não, pois, segundo ele, este movimento não está presente em um sorriso falso ou indiferente.


Devido seu jeito excêntrico e por, ás vezes, perambular pelos hospitais de Paris como uma figura solitária, Duchenne era zombado pelos estagiários e menosprezado pela equipe sênior. Apesar de não ser reconhecido oficialmente pelas academias da França, foi eleito membro honorário de academias em Roma, Madri, Estocolmo, São Petersburgo, Genebra e Leipzig.

Duchenne faleceu na França, em 1875, vítima de uma hemorragia cerebral. Até então não havia adquirido o respeito da comunidade médica local, mas depois de sua morte, recebeu as devidas honras nacionais e internacionais. Em Salpêtrière fizeram uma placa com sua fotografia em profundo relevo e em Paris os habitantes, algumas décadas depois, ergueram um monumento para homenageá-lo.


“Eu pensei que a humanidade já estava infringida de males suficientes... e não parabenizo o Senhor pelo novo presente que a humanidade ganhou!”

(Guillaume Duchenne)


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